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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Congadeiros festejam fim da escravidão


A libertação dos negros da escravidão, ocorrida há 123 anos, foi festejada pelos setelagoanos na última sexta-feira (13) pela Guarda do Congo do Casarão. Com as rezas e batuques ensinados pelos antepassados, 50 congadeiros comandaram a celebração da data cívica no Museu Histórico e Centro Cultural Nhô-Quim Drummond para mostrarem que as raízes afro-descendentes estão vivas e devem ser preservadas.

Em frente ao altar montado no pátio do Casarão, a honra a Nossa Senhora do Rosário abriu os trabalhos como dita a tradição. Os congadeiros saíram do anonimato para incorporarem os papeis de guardiões da corte. Nos cantos e bailados, as expressões de lamento e alegria reverenciaram a luta dos libertos e fortaleciam a fé que os protegem.

Formado o cortejo, homens e mulheres caminharam em direção ao museu para buscarem o símbolo sagrado do culto: a bandeira. No retorno ao Centro Cultural, o rufar dos tambores anunciou: hora de abrir os portões para a passagem da procissão que cantava o “Lamento do Negro”, como aprenderam com os pais e avós, para que, em seguida, o mastro do congado fosse erguido em meio ao anfiteatro.

Essa foi a segunda vez na cidade que a Guarda do Congo do Casarão comemorou a abolição da escravatura e os dias de Preto Velho e Nossa Senhora de Fátima. “A valorização da cultura afro em Sete Lagoas fortalece a diversidade cultural e ajuda a combater o racismo”, entende o secretário de Cultura e Comunicação, Fredy Antoniazzi. O 13 de maio também foi o momento de estreia da primeira farda da Guarda que representa o município nos eventos culturais.


Tradição, fé e luta - Após o fim da escravidão, os negros puderam bater o tambor do congo livremente, conta o coordenador de cultura popular da Prefeitura, José Roberto de Souza. Em Sete Lagoas, os movimentos centenários surgiram no antigo Garimpo, hoje bairro Santa Luzia, e também na Catarina. “Antigamente, os grupos sofriam com preconceito e eram impedidos pela polícia e Igreja de manifestarem nas ruas devido à crença de serem baderneiros e feiticeiros”, narra.

O coordenador diz que a discriminação ao congado está quase no fim. “A vinda de novos padres para a cidade permitiu a compreensão de que a manifestação religiosa não fere os dogmas da Igreja”, afirma. Souza avalia que a criação de uma associação fortaleceu a representação dos 22 grupos.

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